De acordo com o último relatório produzido e divulgado pelo Stockholm International Peace Research, organização sueca fundada em 1966, que realiza pesquisas científicas em questões sobre conflitos, segurança e paz mundial, os dez países que mais exportaram armas entre o período de 2009 a 2013 foram: Estados Unidos, Rússia, Alemanha, China, França, Reino Unido, Espanha, Ucrânia, Itália e Israel, mas em 2015 o Brasil entrou para a lista, ocupando a 4º posição de maior exportador de armas pequenas do mundo e também de aviões de guerra, explosivos e mísseis altamente letais.
O Brasil não vive mais somente de exportação de soja, existindo um novo comércio, muito mais letal, porém rentável. O mercado de revólveres, pistolas, metralhadores,fuzis, lança-granadas, artilharia anti-tanque, munições e morteiros está sendo muito atrativo para as empresas fabricantes.
Em relação a lista de 2009 a 2013, os Estados Unidos continua na frente, seguido agora pela Itália e a Alemanha, segundo a Small Arms Survey, entidade que monitora conflitos armados e o comércio de armas de fogo no mundo.
Entre 2001 e 2012, o país exportou cerca de 2,8 bilhões de dólares em armas, deixando para trás grandes potências do setor como a Rússia, que é a fabricante do famoso fuzil AK-47, sendo ela a arma de escolha de nove entre dez grupos guerrilheiros, do Estado Islâmico às Farc.
O Brasil derrota os três maiores exportadores em um quesito: suas vendas de armamentos não são transparentes. O país esconde da ONU seus recibos e contratos de venda. Não se sabe o que, para quem e quanto é comercializado. O Brasil pode estar vendendo para nações em conflito ou que violam os direitos humanos.
A legislação atual mantém as informações sobre essas exportações em sigilo, mas ninguém sabe ao certo para quais países as armas brasileiras são vendidas e nem qual seu destino final. Se elas estão sendo vendidas para países envolvidos em conflitos armados, não há como saber.
Algumas armas brasileiras chegaram a ser encontradas na Costa do Marfim, na África, sendo que existia uma lei que proibia a venda de armas por lá. Mísseis brasileiros foram usados no Iêmen, no Oriente Médio, onde um conflito intenso já matou pelo menos 3 mil civis de março de 2015 até hoje.
E existe um tratado internacional – o Tratado sobre o Comércio de Armas – que exige um maior controle e transparência nas exportações de armas para que seja evitado que as armas fabricadas em um país sejam utilizadas para violar os direitos humanos em outro país. O Brasil já assinou este Tratado mas o Congresso Nacional mas precisa ratificá-lo para que ele passe a valer.
O Tratado está sendo estudado no plano nacional desde 2013, ele chegou até a receber um parecer favorável do Executivo, porém a análise chegou ao Legislativo, onde caminha em passos de tartaruga. Enquanto esse processo não conclue, as armas brasileiras continuam sendo vendidas sob um sigilo perigoso.
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