Ir ao hospital no século 18 e 19 era quase uma sentença de morte, pois o paciente corria sérios riscos de adquirir uma infecção pós cirúrgica e vir à óbito. Aquelas famílias mais nobres e de maior poder aquisitivo eram tratadas e operadas em casa, pois tinham receio de acabar na sala de cirurgia de um hospital como o St. Thomas, um dos mais antigos de Londres e morrer vítima de uma infecção.
Os pacientes do St. Thomas eram pessoas pobres que contribuíam com seus serviços, pois não tinham condições financeiras para ajudar nas melhorias, oferecendo então seus serviços braçais.
Até 1847, os cirurgiões não tinham como recurso os anestésicos e dependiam apenas de sua técnica como médico, onde conseguiam realizar amputações em um minuto ou menos. Era realizada toda uma preparação mental junto ao paciente, álcool ou ainda também os opiáceos para deixá-lo inconsciente. Posteriormente, o éter ou o clorofórmio começaram a ser utilizados. O Velho Teatro de Operação fechou antes que a cirurgia antisséptica fosse inventada.
Hoje, ele funciona como um museu da época em que ainda não se utilizavam anestesias nem antissépticos. Semanalmente, um funcionário do museu ocupa a antiga sala e explica aos visitantes, em detalhes, como as cirurgias eram feitas há 200 anos.
1. Operações relâmpago
No século XVIII, dois a cada três pacientes que passavam pela sala de cirurgia morriam. A sala foi construída no topo de uma igreja e tinha acesso direto à ala feminina do hospital St. Thomas.
Era muito comum que os pacientes morressem devido à infecção contraídas no pós-operatório, mas, para minimizar as possibilidades de morte por hemorragia, os cirurgiões operavam o mais rápido possível.
Uma cirurgia durava cerca de 10 a 15 minutos. Serrar um osso durante uma amputação podia ser realizada de um a três minutos, dependendo do caso. Esses cirurgiões acabavam ficando muito famosos, devido a sua rapidez, pois não prolongava o sofrimento do paciente.
Na maioria das operações de amputações dos membros eram utilizados torniquetes, além disso, também era comum realizar cirurgias de extração de pedras na bexiga.
2. Sem anestesia
Como não existia a anestesia, os pacientes sentiam uma dor inimaginável durante as operações, que eram feitas em uma pequena maca de madeira.
Naquela época, os pacientes mais ricos, atendidos pelos médicos em suas casas, tomavam álcool para diminuir a dor nos procedimentos. As pacientes eram colocadas em uma maca pequena, que geralmente não apoiava todo o seu corpo.
As mulheres que passavam pela Old Operating Theatre só recebiam um bastão revestido de couro para morder durante a cirurgia. Em alguns casos, os pacientes tinham os olhos vendados, mas, no fim acabavam assistiam todo o procedimento.
Em 1846 no Reino Unido iniciava a utilização do éter nos hospitais e no ano seguinte, o clorofórmio também passou a ser usado para deixar os pacientes inconscientes.
3. Estudantes, assistentes e aprendizes
Aproximadamente 200 pessoas se aglomeravam para assistir as operações em uma espécie de arquibancada com grades semicirculares para que o público composto pelos estudantes de medicina, aprendizes e assistentes de cirurgiões pudessem acompanhar todo o procedimento. Além deles, estudantes e aprendizes de outros hospitais compareciam para observar as novas técnicas e procedimentos.
No centro da maca ficavam os médicos e seus assistentes e ao redor também ficavam outros cirurgiões do hospital e seus aprendizes, assim como quaisquer visitantes que o cirurgião principal permitisse. Eram necessários diversos ajudantes para manter o paciente imobilizado.
Durante o século 19, na Old Operating Theatre, a presença das mulheres no público não era permitida, então as mulheres só podiam ocupar a maca cirúrgica, como pacientes. Os homens acreditavam que as mulheres não seriam capazes de suportar as cenas fortes.
4. Falta de higiene
Na época, médicos e cientistas acreditavam que as doenças contagiosas eram causadas pelo miasma, um odor ruim das ruas e dos rios que se dissipava pelo ar. Por isso, não se usava nenhum método antisséptico na sala de cirurgia.
Caixas de madeiras com areia ou serragem eram utilizadas para transportar o sangue das operações, e os cirurgiões e seus assistentes só lavavam as mãos após as operações, assim como os instrumentos cirúrgicos. Os médicos realizavam a operação rapidamente para minimizar possíveis hemorragias.
Os cirurgiões andavam com os jalecos manchados de sangue pelas ruas, como se fosse uma espécie de troféu, que, além de tudo, eram as ruas por onde, teoricamente, se espalhava o miasma.
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