Se você já assistiu o filme “A Órfã”, com certeza se surpreendeu com o desfecho do filme, agora se você não assistiu, recomendo assisti-lo, pois é um dos melhores filmes já produzidos, com cenas assustadoras e sinistras. Além de que, esse filme foi baseado em uma história verídica, que aconteceu em 2007 na cidade de Kurim, na Checoslováquia, mas conhecido como o caso Maureová, sendo na época considerado o pior caso de abuso infantil da história do país. Vamos então ao caso.
As assustadoras irmãs Mauerová
Klara Mauerová nasceu no ano de 1975 em Kuřim, na Checoslováquia. Klara sempre foi uma criança desajustada e desde jovem aparentava ter diversos distúrbios. Tinha uma obsessão com o universo místico e chegou a ser comparada com Joana D’arc. Ela acreditava ter sido destinada à servir em uma missão designada por Deus. Sua irmã mais nova, Katerina Mauerová, era tão perturbada quanto Klara. Veja abaixo imagens de Katerina (esquerda) e Klara (direita).
Klara chegou a estudar em uma universidade, porém nunca abandonou seu lado obscuro pelas suas obsessões misticas e pseudo-religiosas. Independente de suas crenças, continuou a ter uma vida normal, acabou se cansando com um homem que, segundo ela, viveram uma corrida vida sexual. Acabaram tendo dois filhos: Ondrej e Jakub.
Por incrível que pareça, o casamento não foi muito longe devido o temperamento de caráter violento e doentio de Klara, o que fez com que seu marido se separasse dela. Mas, apesar de tudo, Klara amava seus filhos e era considerada por muitos como uma boa mãe. Como Klara foi se sentindo cada vez mais sozinha morando somente com seus filhos, ela chamou sua irmã Katerina para morar com eles.
Katerina mais tarde, apresentou para sua irmã Barbora Skrlová, uma amiga de faculdade. Barbora na época tinha 33 anos de idade e sofria de uma rara doença glandular que fazia com que ela aparentasse muito mais jovem do que realmente era e Barbora tirava várias vantagens devido isso.
Ela sempre se passava por menor de idade para escapar de situações ilegais por conta de delitos que praticava, chegando até mesmo a ser adotada por um casal se passando por uma criança. Barbora também tinha um temperamento violento e agressivo e passou por vários tratamentos psiquiátricos e chegou até mesmo a ser internada.
Acreditava-se que ela tinha um distúrbio mental por conta das mudanças repentinas de identidade; “Toda a história de Barbora Skrlová está rodeada de um enigma em que ela participa de uma maneira estranha, não existe uma explicação clara, mas minha hipótese é que se trata de uma distorção psíquica grave com pertubação de identidade”, explica um psiquiatra de Barbora.
Barbora mais tarde foi morar com Klara e Katerine e as coisas começaram a sofrer mudanças. As duas irmãs começaram a ter mudanças comportamentais e de personalidade, que ficava cada vez mais perceptível com o tempo. Babora conseguia influenciar as duas irmãs em seus comportamentos diários, ela tinha esse poder de persuasão.
Klara e Katerine se converteram a uma seita chamada “Movimento Graal”, que era baseado nas escrituras criadas em 1923 a 1938, pelo alemão Oskar Ernest Bernhardt, onde acreditavam que o homem poderia chegar ao paraíso por fazer boas ações na Terra. Mas na realidade, a aplicação desse movimento não era bem assim.
Um dos principais conceitos da seita, era que seus integrantes fossem livres de tabus sociais, como incesto e antropofagia (canibalismo para adquirir habilidades e força). Todo os integrantes recebiam ordem de um líder desconhecido chamado apenas de “O Doutor”, que apoiava a promiscuidade sexual, escravidão e os mal tratos infantis. Tudo em razão de um sentido libertário.
Klara foi mais além, raspou os cabelos e as sobrancelhas, começou a se vestir com roupas de péssimas qualidades e parou definitivamente de tomar banho. Katerine apoiava todas as ideias de sua irmã e as de Barbora também. Já Barbora, mostrava que tinha dois lados: um deles ela era a mulher adulta que tinha idade e o outro lado, agia como uma criança.
Ela tinha um grande ciúmes da atenção que os filhos de Klara recebiam e ao poucos, começou a armar contra eles. Ela os acusava de se comportarem inadequadamente, de quebrarem objetos e muitas vezes fazia coisas erradas só para poder culpar os filhos de Klara, que na época tinham 7 e 10 anos. Klara, de tão cega pelas ideologias de Barbora, começou a acreditar fielmente na amiga, então, consequentemente iniciou sessões de castigos em seus próprios filhos. Foi quando começaram os maus tratos com as crianças.
Abusos e maus tratos
De acordo com a frequência de acusações de Barbora e conforme a gravidade dos fatos perante as crianças, Klara começou a se desesperar e pediu ajuda à autora das acusações. Barbora então sugeriu que a Klara que ela prendesse as crianças em uma jaula de ferro no porão da casa, para então conseguir vigia-las o tempo todo.
As crianças foram despidas e enjauladas, recebiam alimentos através das barras, sendo assim não tinha como se comportarem mal. Mas as pobres crianças não poderiam imaginar o que estaria por vir. Elas ficaram ali por oito meses. Com as intermediações e sugestões de Barbora, as irmãs começaram a torturar os meninos.
Os dois eram amordaçados e amarrados, recebiam queimaduras de cigarros nos braços e pernas. Eram espancados e recebiam choques elétricos e chicotadas através das barras e como sempre estavam nus, recebiam um “banho” de água fria uma vez por semana. Nem sempre recebiam o que comer e dormiam no chão. Sem nenhuma coberta e junto com suas urinas e excrementos. Eram torturas constantes.
Barbora não satisfeita com as diversas torturas, sugeriu a ideia de alimentar excessivamente as crianças para que eles engordassem e após pudessem come-los. Klara completamente cega pelas ideias de Barbora fez o que ela mandou.
Quando os meninos engordaram o suficientes, ela pegou uma faca e foi até a jaula e pediu para que Ondrej, que estava com 7 anos, estendesse a perna. Katerina e Barbora seguraram a perna do garoto enquanto Klara começou a arrancar pedaços de carne do filho. Ondrej gritava de dor e medo e seu irmão, Jakub, fazia o mesmo. Após cortar os pedaços, as três começaram a comer na frente dos meninos sem se importar com os gritos dos dois.
Durante um mês inteiro, Jakub teve a certeza de que também seria o próximo a sofres essa mutilação, e assim foi. No segundo ato de canibalismo, sua mãe cortou pedaços de seu braço e a partir desde momento, o canibalismo passou a ser mais frequente.
Barbora, como sempre, teve mais uma ideia para controlar ainda mais os meninos, mas o que ela não sabia é que essa ideia poderia salvar a vida dos meninos, pelo menos naquela hora. Ela disse para Katerina que comprasse uma câmera de vigilância, como as utilizadas para supervisionar bebês. Ela instalou no porão e assim, poderiam observar tudo o que os meninos faziam e poderia ser observado as crianças serem torturadas.
Mas algo milagroso estaria por acontecer. Um casal que acabará de se mudar com o filho recém nascido, também havia instalado o mesmo tipo de câmera que Katerina havia comprado. O que ele não esperava era que seu aparelho iria acabar interceptando o sinal da casa vizinha e ele iria acabar observando iria acabar observando duas crianças presas no porão sendo maltratadas.
O homem gravou um vídeo com todas as imagens que conseguiu e fez as denúncias para a polícia. Em 10 de maio de 2007, os agentes arrombaram a casa e ambas as irmãs tentaram impedir de que os policiais tivessem acesso a porta que dava até o porão. Após levarem as duas para a viatura, os agentes entraram e o que encontram lá era aterrorizante.
As paredes e o chão estavam lavados de sangue e com um cheiro insuportável de urina, fezes e sangue. Um dos meninos, estava desmaiado e o outro em estado de choque. Os dois apresentavam feridas horríveis em carne viva e com sinais de apodrecimento em vários locais do corpo.
E, parada em frente da jaula estava Barbora, uma menina que aparentava ter 12 anos de idade. Barbora disse aos policiais que se chamava Anicka e que era filha adotiva de Klara. Logo os agentes policiais acreditaram na suposta menininha e a tiraram rapidamente da casa e voltaram para o porão para libertarem os dois meninos. Os dois meninos foram hospitalizados para que pudessem se recuperar brevemente e depor contra a mãe, a tia e Barbora, porém ela havia conseguido fugir devido seu disfarce.
O julgamento
Klara Mauerová admitiu todos os mau tratos contra os filhos e disse que só fez isso porque estava sobre influência da da irmã Katerina Mauerová e principalmente de Barbora Skrlová. Com isso, a juíza emitiu uma ordem de prisão para Barbora Skrlová, mas demorou um ano para que ela fosse localizada e presa.
Barbora foi encontrada na Noruega, onde mais uma vez havia alterado sua identidade, mas que agora se passava por um menino de 13 anos chamado Adam. Ela havia sido adotada por um casal norueguês e frequentava a escola primária. Quando Barbora foi presa, seus pais adotivos entraram em choque quando os policiais contaram que a criança de 13 anos era na verdade, uma mulher de 36 anos. Barbora foi extraditada para a República Checa onde foi julgada junto com as irmãs Mauerová.
As duas irmãs alegaram que Barbora havia feito “lavagem cerebral” nelas e que elas não tinham noção do que estavam fazendo quando elas torturaram os meninos. Elas confessaram também que recebiam ordens do “Doutor”, que mandava mensagens de texto dizendo o que fazer e como abusar dos meninos.
Em juízo, Klara fez a seguinte declaração:
“Ocorreram coisas terríveis e só agora me dou conta disto, não consigo entender como deixei isto acontecer”.
Já Barbora para se defender disse que as irmãs estavam mentindo e que por um período de cinco anos a agrediram, a drogaram e a abusaram com diversos objetos. Disse também que existia os “clientes”, um número alto de pessoas que também maltratavam os dois meninos. Apesar das declarações controvérsias de Barbora contra as irmãs, foi comprovado que Barbora mentia, pois os laudos médicos comprovaram que Barbora ainda era virgem.
Quatro outras pessoas também foram acusadas de terem participado e/ou ajudado nos crimes. Eram eles: Jan Turek, amigo de Barbora que providenciou a jaula para os meninos, Jan Skrla, irmão de Barbora, Josef Skrla, pai de Barbora e Hana Basova, empregada das irmãs.
Mas a polícia acredita que o pai de Barbora, Josef Skrla, era o verdadeiro culpado por trás dos abusos das crianças. Acreditavam também que ele era dono de um grupo chamado “The Ants”, que tinha crenças parecida com o “Movimento Graal”.
Em Março de 2009, Klara Mauerová recebeu a sentença de 9 anos e Katerina de 10 anos. Não há informações exatas sobre a sentença de Barbora Skrlová, mas acredita-se que ela tenha recebido apenas 5 anos.
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